Copom eleva a taxa Selic para 13,25% ao ano, maior patamar desde 2016
Esse foi o 11º avanço consecutivo da Selic, que permaneceu no menor patamar histórico de 2% a.a. entre agosto de 2020 e março do ano passado
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou, nesta quarta-feira (15), alta de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. Assim, a Selic passa de 12,75% ao ano (a.a.) para 13,25% a.a..
Esse foi o 11º avanço consecutivo da Selic, que permaneceu no menor patamar histórico de 2% a.a. entre agosto de 2020 e março do ano passado. É o maior patamar da taxa desde novembro de 2016.
“O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2023”, diz comunicado do Banco Central.
Como esperado, o Copom reduziu o aperto menor da política monetária ao optar por uma alta da Selic em menor patamar que o 1 ponto percentual observado nas últimas reuniões desde março de 2021, quando iniciou-se um ciclo de altas na taxa para combater a inflação no país, que fechou em 10,06% no ano passado.
No período, a meta inflacionária de 3,75% – podendo chegar até 5,25% – não foi cumprida.
As projeções para a inflação deste ano já são de 8,89%, também acima do centro e do teto da meta, equivalentes, respectivamente, a 3,5% e 5%.
Considerando que as decisões da política monetária levam entre seis e 18 meses para ter impacto na atividade econômica, o Copom já foca esforços para garantir o cumprimento da meta de 2023 e não mais deste ano.
No próximo ano, o centro da meta está definido em 3,25% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. As previsões do mercado são de que a inflação vai alcançar 4,39% no próximo ano.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central para perseguir a meta de inflação, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Uma taxa de juros mais alta, no entanto, pode retardar ou prejudicar a recuperação da atividade econômica.
De acordo com a última edição do Boletim Focus, divulgado na semana passada, a expectativa é de uma Selic em 13,25% a.a. até o fim deste ano, recuando a 9,75% a.a. no ano que vem.
Mais uma alta encomendada
Apesar da desaceleração no ritmo de alta da Selic, o Copom já encomendou, para a próxima reunião, nova alta na taxa. O próximo encontro do comitê acontecerá na primeira semana de agosto.
“Para a próxima reunião, o Comitê antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude.”, disse o Banco Central em comunicado ao reforçar cautela adicional na condução da política monetária em momento de incertezas.
Ou seja, no segundo semestre haverá pelo menos mais um aumento na taxa básica de juros de 0,5 ponto percentual ou 0,25 p.p..
Ainda de acordo com o comunicado, o Copom considera apropriado que o ciclo de aperto da política monetária continue avançando “significativamente”.
“O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
Riscos para inflação
Na avaliação do Copom, a persistência da pressão inflacionária global e a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do Brasil contribuem para o risco de alta nas expectativas de inflação para o horizonte relevante.
Por outro lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais e uma desaceleração da atividade econômica mais acentuada do que a projetada podem ajudar a segurar a inflação no país.