O governo de São Paulo vai prorrogar até o dia 22 de abril a quarentena de serviços considerados não essenciais no estado como medida de prevenção à propagação do novo coronavírus. O anúncio foi feito pelo governador João Doria (PSDB) nesta segunda-feira (6), no Palácio dos Bandeirantes.
A quarentana teve início no último dia 24 de março e abrange grande parte do comércio. Inicialmente, seu prazo final seria o dia 7 de abril, mas o governo estadual já vinha admitindo esta prorrogação se houvesse indicação técnica. Oficilamente, o novo prazo de quarentena vai de 8 a 22 de abril.
A prorrogação decisão segue orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde), da Opas (Organização Pan-americana de Saúde), do Ministério da Saúde e do Centro de Contingência do coronavírus de São Paulo, formado por epidemiologistas, cientistas, pesquisadores, infectologistas e virologistas.
“Todas as iniciativas do governo e da prefeitura de São Paulo são amparadas na ciência, na opinião médica”, afirmou Doria nesta segunda. “Há consenso entre as autoridades médicas para o isolamento como forma de salvar vidas”, concluiu.
O decreto com as medidas de restrição será publicado no Diário Oficial do estado desta terça, mas segundo Doria, o texto repetirá as medidas previstas no primeiro período de quarentena. A recomendação é que as pessoas fiquem em casa.
Deverão seguir fechados lojas e shopping centers, casas noturnas, academias, espaços para festas e escolas públicas ou privadas. Bares e restaurantes só podem funcionar para atender entregas.
As medidas de restrição excluem supermercados, açougues, oficinas de manuntenção de veículos, além de hospitais, farmácias e clínicas. Os sitemas de segurança, de limpeza — tanto os públicos como os privados — e os de bancos, que incluem bancos e lotéricas, continuam a abrir normalmente.
Segundo Doria, a medida deve ser seguida pelos prefeitos de todos os municípios do estado. “Não é uma deliberação que pode ou não ser seguida. Ela deve ser seguida”, afirmou o governador.
“Nenhuma aglomeração, de nenhuma espécie, em nenhuma cidade será admitida”, acrescentou Doria, que ressaltou que a Polícia Militar poderá ser acionada em caso de desobediência e admitiu o aumento do rigor na fiscalização.
Cenário
O estado de São Paulo tem 4.620 casos confirmados da doença, com 275 mortes. Segundo o secretário da saúde de SP, Henrique Germann, sem as medidas de restrição adotadas no mês passado, o estado poderia ter dez vezes mais casos.
De acordo projeção do Instituto Butantan, a prorrogação da quarentena pode evitar 166 mil óbitos em São Paulo, além de 630 mil hospitalizações e 168 mil internações em UTIs. Os números também foram anunciados nesta segunda-feira.
O Centro de Contingência para a doença no estado contabiliza que o contágio chegou a uma centena de cidades do estado e a mais de 400 unidades hospitalares. Segundo as autoridades de saúde de SP, o número de mortos pela COVID-19 entre 17 de março e 5 de abril é quase igual ao total de óbitos por gripe registrados ao longo de todo o ano passado.
Ainda segundo o goveno de SP, as internações de pacientes com a confirmação da doença em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) cresceram 1.500% desde 20 de março, passando de 33 para 524, no último dia 3. As mortes subiram 180% em uma semana.
Um estudo do Instituto Butantan e do centro de contingência afirma que, antes das medidas de restrição, a velocidade de transmissão do vírus era de uma para seis pessoas. No dia 20 de março, esse número caiu para uma para três. No dia 25, prossegue o relatório, já era de uma para menos de duas. A epidemia só é considerada controlada quando a taxa for inferirior do que um para um.
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